O processo de recuperação das lesões do esporte, entra definitivamente em uma nova e auspiciosa fase. O grande fantasma dos atletas lesionados sempre foi o longo tempo de recuperação e a interrupção absoluta dos treinamentos. Este processo, além de ser extremamente penoso, provocava uma enorme dificuldade do atleta readquirir sua forma física anterior a contusão e um consequente prejuízo para sua carreira.
A Medicina Esportiva e a metodologia de treinamento nos dias de hoje, contam com um novo e grande aliado para diminuir sensivelmente os prejuízos do período de recuperação dos atletas: o treinamento aquático ou deep-running.
Vários são os exemplos nos últimos anos, que ilustram a importância desta nova metodologia. Durante a Copa do Mundo de 1994, o Brasil perdeu o lateral Leonardo, expulso na partida contra os Estados Unidos e suspenso da competição.
Seu reserva era o jogador Branco, que naquela oportunidade sofria de um sério problema físico decorrente de uma lombalgia, ou seja fortes dores nas costas que o impediam de treinar normalmente.
O professor Moraci Sant’Anna utilizou-se então pela primeira vez no futebol o treinamento com o colete do deep-running. Este treinamento permitiu que o jogador se condicionasse fisicamente correndo dentro na piscina, portanto sem impacto para sua coluna e readquirisse sua forma física rapidamente.
Pois foi justamente este jogador quem deu a vitória ao Brasil no jogo contra a Holanda, anulando seu principal jogador e fazendo o gol da vitória. Durante aquela semana, tivemos um outro feliz exemplo da eficiência do treinamento aquático. O jogador Bordon, então zagueiro do São Paulo F.C., havia sofrido 30 dias atrás uma fratura no dedo do pé. Esta fratura, obviamente o impediria de correr e por consequência o faria perder totalmente a forma durante o período de recuperação.
Entretanto durante os 30 dias, o jogador foi submetido à um programa diário na piscina, elaborado pelo professor Moraci e pela professora Roberta Rojas. Quando o jogador foi submetido a um teste de avaliação pudemos constatar que o seu índice de condicionamento aeróbio, ou seja o seu limiar, encontra-se em 16 km/h em relação aos 15 km/h na avaliação anterior à contusão. Parece incrível, mas o jogador foi liberado para os treinamentos com bola com um nível aeróbio superior ao do momento da contusão.
As aplicações do treinamento aquático, certamente vão muito além da sua utilização com atletas, e abrem novas perspectivas no âmbito dos programas de condicionamento físico, respeitando a integridade do aparelho locomotor.
Prof. Dr. Turibio Leite de Barros Neto