Entre os benefícios relatados na literatura sobre o treinamento de atletas com lesão medular estão: melhora do consumo de oxigênio, ganho de capacidade aeróbica, redução do risco de doenças cardiovasculares e de infecções respiratórias, diminuição na incidência de complicações médicas, redução de hospitalizações, favorecimento da independência, melhora da auto-imagem, diminuição na probabilidade de distúrbios psicológicos e aumento da expectativa de vida.
“A natação para pessoas portadoras de deficiência tem sido definida como a capacidade do indivíduo de dominar o elemento água, deslocando-se de forma segura e independente, sob e sobre a água, utilizando-se de sua capacidade funcional residual e respeitando suas limitações”, define o artigo. O estudo envolveu 16 pacientes portadores de lesão medular, divididos em dois grupos: experimental e controle.
Os grupos foram avaliados por meio da Medida de Independência Funcional, antes e após o procedimento que consistiu em sessões de natação realizadas duas vezes por semana durante quatro meses. “Os dois grupos apresentaram mudanças nos cuidados com o corpo”, garantem os pesquisadores. A atividade de natação trouxe benefícios motores sobre as habilidades funcionais dos participantes.
O novo paradigma reabilitador, explicam os pesquisadores, há muito preconiza o esporte terapêutico, muito embora observe-se, na prática, que a valorização da categoria profissional do professor de educação física hospitalar vem surgindo apenas embrionariamente no rol de profissionais que compõem uma equipe interdisciplinar de reabilitação. Uso do esporte na reabilitação Ensinar os portadores de deficiência a terem uma vida mais independente, com ganhos para a auto-estima e a qualidade de vida, é meta do Centro de Estudos do Esporte para Portadores de Deficiências (Cepode).
Criado na Faculdade de Educação Física da UFMG há 29 anos, pelo professor Pedro Américo de Souza Sobrinho, o Cepode presta assistência gratuita a pessoas com deficiência, usando o esporte e as atividades físicas no processo de reabilitação. O primeiro passo do atendimento, como explica o estagiário André Alves Fernandes, de 22 anos, aluno do 5º período de educação física, é trabalhar a motivação. “Os pacientes chegam muito abatidos e tristes. Muitos têm vida sedentária. Entretanto, ao chegar ao centro e ver outros pacientes em pior estado ou nas mesmas condições fazendo os exercícios, sorrindo, interagindo entre si e obtendo resultados, ficam animados”, afirma o estudante, que atende pessoas com esclerose múltipla, paralisia cerebral e derrame, entre outros casos.
A busca por melhorias no padrão locomotor e nos movimentos involuntários acaba gerando também ganhos na parte psicológica. “É importante os pacientes perceberem que não precisam viver de forma vegetativa”, garante André. “Vale ressaltar que não trabalhamos com fisioterapia. Aplicamos conceitos da educação física.” Estagiária do centro há dois anos, Ana Flávia Leão Pereira, de 21, também do 5º período, diz que o atendimento se torna ainda mais importante já que faltam, no mercado, profissionais qualificados para atuar com grupos especiais. “Penso em me especializar na área. No entanto, também gostaria de lidar com mulheres grávidas”, salienta. Uma das coisas que mais satisfaz a estudante é ver a alegria dos pacientes quando os resultados começam a aparecer.
Quando entrou no Cepode, Ana confessa que teve receio. “Achava que iria lidar com um público muito triste, mas me enganei. Todos são alegres. Chegam tristes, mas, à medida que vão melhorando, ficam mais sorridentes”, lembra. “Não esqueço o dia em que comentei com uma paciente que ela estava mais bonita, com batom e toda arrumada. Ela respondeu que estava assim graças ao nosso trabalho.” EXPERIÊNCIA Trabalhar com pessoas que precisam de cuidados especiais exige dedicação. “Lidar com o ser humano, principalmente quando ele está com problemas, é muito delicado. Não podemos errar. A experiência aqui, sempre com o acompanhamento do professor Pedro, é um aprendizado e tanto para chegar ao mercado com mais qualificação”, avalia Ana.
A vivência no atendimento do Cepode convenceu André de que é fundamental ter uma experiência prática antes de sair da universidade. Ele afirma que muito do que aprendeu no dia-a-dia não é abordado na literatura. Por outro lado, à medida que vão surgindo pacientes com doenças que ele não conhece, é preciso buscar informações para saber a melhor forma de tratamento.
O professor Pedro Américo destaca que o esporte aplicado na reabilitação permite melhoras durante anos a fio. “A pessoa está sempre aumentando sua carga e intensidade, incluindo novos exercícios”, ressalta. Centro de Estudos do Esporte para Portadores de Deficiência (Cepode) (31) 3499-2361 Revista Brasileira de Medicina do Esporte – vol.11 – nº 4 – Niterói – jul./ago. 2005
Perguntas:
Oi. recebi um aluno para aulas de natação portador da doença de melas. Na minha cidade é uma patologia rara.Gostaria de receber orientações de como proceder neste caso,que tipo de nados posso ensinar e se o caso qual não devo ministrar. Aguardo uma resposta. Muito obrigado. Prof.Roberto
O que é MELAS?
MELAS é uma forma rara de demência. MELAS é uma abreviação para Encefalopatia mitocondrial, acidose lática, e episódios de AVC-like.
Quais as causas MELAS?
síndrome de MELAS É causada por mutações no material genético (DNA) na mitocôndria. Enquanto a maioria do nosso DNA está nos cromossomos no núcleo das células, alguns do nosso DNA está em outra importante estrutura chamada mitocôndria.
Como é MELAS tratado?
Não há tratamento conhecido para a doença subjacente, que é progressiva e fatal.Os pacientes são manejados de acordo com que áreas do corpo são afetados em um determinado momento. Antioxidantes e vitaminas têm sido utilizadas, mas não houve sucessos consistentes relatados. William C. Shiel, Jr., MD, FACP, FACR
O exercício aeróbico é útil em MELAS e outras doenças mitocondriais – Taivassalo & Haller
MELAS são muito subjetivas e acometem cada indivíduo de forma diferenciada e a necessidade de uma avaliação física é importante. o exercício físico não é recomendado em todos os casos.
No caso do médico ter indicado atividade física esta deve ser feita de forma leve e gradual utilizando a musculatura menos acometida e preservando a mais acometida para se alcançar um nível de atividade aeróbia mínima.
Att. Marcelo Roque
Conhecer os efeitos da natação sobre habilidades funcionais de pacientes com lesão medular é o objetivo do artigo “Efeitos da natação sobre a independência funcional de pacientes com lesão medular”, de Maurício Real da Silva, da Rede de Hospitais de Reabilitação Sarah Centro, em Brasília, Ricardo Jacó de Oliveira, Universidade Católica de Brasília (UCB), e Maria Inês Conceição, da Universidade de Brasília (UnB).