No mundo inteiro, cada vez mais mulheres têm procurado formas alternativas para dar à luz. Ouve-se falar em parto de cócoras, parto natural, parto domiciliar, parto na água e por daí por diante. No Brasil, embora as mulheres tenham começado a demonstrar mais interesse pelo assunto, são poucos os locais que oferecem partos naturais em água.

No serviço particular, cerca de 80% dos partos são cesáreas. Dos 20% normais, quase todos são feitos com a mulher deitada, com as pernas em estribos, anestesiada, dentro de centros cirúrgicos.
Apenas uma pequena fração dos partos normais acontecem de forma mais natural ou “fisiológica”, para usar o termo técnico.
As razões para esse descompasso em relação a outros países são várias. Entre elas estão a cultura médica, interesses financeiros, desconhecimento da classe médica e da população e falta de ambientes adequados.

O parto na água é uma modalidade de nascimento onde a mulher fica dentro da água durante o período expulsivo de modo que o bebê chega ao mundo no meio aquático, exatamente como estava no útero. A água é aquecida a 36ºC, o ambiente geralmente fica à meia luz e o pai ou acompanhante pode entrar na banheira com a futura mãe.

Esses nascimentos costumam ser muito suaves e calmos e muitos bebês sequer choram quando são trazidos à tona para o colo de suas mães.

Alguns médicos alegam que esse parto não é seguro, porque o bebê pode aspirar água. Na verdade os registros de incidentes nos partos aquáticos são muito raros e comparado com partos na mesa ginecológica o parto na água não perde em segurança, mas ganha em qualidade do nascimento.

Outros profissionais alegam que na água não dá para fazer a episiotomia. Este argumento é falho já que a questão é que no Brasil faz-se mais episiotomia que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde e outros órgãos de saúde. Na água morna o períneo fica bastante relaxado em relação ao parto tradicional, e as rupturas são raras e geralmente muito superficiais. A episiotomia nesse tipo de parto embora seja possível, é desnecessária em quase todos os casos.

Na França, na cidade de Pithiviers, Michel Odent, entre várias inovações dignas de mérito, começou a usar banheira com água quente para o conforto das parturientes. De lá para cá, o “Parto na Água” tem sido utilizado no mundo inteiro, em banheiras especiais ou improvisadas. Nas maternidades européias as banheiras são oferecidas às parturientes tanto para o alívio das dores do trabalho de parto, como para o parto em si. Estudos científicos comprovam que o uso da água quente no trabalho de parto é um excelente coadjuvante no combate à tensão e à dor. No Brasil pouquíssimas clínicas e médicos oferecem esse conforto às pacientes, infelizmente.

O uso da banheira também pode ser iniciado antes do período expulsivo, para relaxamento e para a suavização das sensações do trabalho de parto. As contrações ficam menos fortes e o bebê pesa menos sobre o colo do útero. Muitas mulheres saem instintivamente da água na hora do bebê nascer, preferindo ficar sobre um colchão, de cócoras, deitada em posição semi-reclinada, ou até de lado (posição de Sims).

Nos hospitais que oferecem banheira nas salas de parto, essas são estreitas e não servem para o período expulsivo. No entanto são ótimas para o relaxamento durante o trabalho de parto. Por outro lado é possível um parto na água em casa e para isso usa-se uma piscina desmontável, dessas infantis, que pode ser enchida com água do chuveiro. É só usar a criatividade…

Ana Cris Duarte
Amigas do Parto

A experiência do parto é talvez a maior experiência que uma mulher pode ter em sua vida. Tudo o que pudermos fazer para que ela a viva da maneira mais adequada, respeitosa e verdadeira, estaremos ajudando a criar um mundo mais autêntico e humano. A liberdade de escolha faz parte do processo criativo. As mulheres devem ter a possibilidade de optar por um parto na água, se assim o desejarem…

O que é o Parto na Água:
É a opção na qual a água é usada como elemento de relaxamento (para a mãe) durante o trabalho de parto. Pode ser usada na forma de chuveiro, ducha (nas costas ou na barriga), uma banheira normal ou mesmo uma banheira de hidromassagem.
O bebê pode nascer embaixo da água ou não. Por definição, o parto na água se caracteroza quando a mãe dá a luz com os genitais totalmente cobertos de água.

A mãe que está tendo o bebê pela primeira vez não deve entrar dentro da banheira antes de atingir sete centímetros de dilatação, pois diminuiria a progressão da dilatação. A que está tendo o segundo ou terceiro bebê pode entrar a partir dos seis centímetros de dilatação.

A ação da água:
A água deve estar aquecida, entre 35 e 37 graus Celsius. Isto provoca um aumento da irrigação sangüínea da mãe, a diminuição da pressão arterial, além do relaxamento muscular, o que faz com que a mãe tenha um alívio da sensação dolorosa.

Michel Odent acha que todo este ambiente favorável à mãe acaba por favorecer a produção de ocitocina, que, segundo ele, é o hormônio do amor. Os cientistas o consideram o hormônio da parturição.
De qualquer maneira muitos namorados sonham com uma situação especial dentro da água… A água mexe com a natureza humana, quase todas as crianças adoram brincar com a água. A parturiente fica mais leve dentro da água, pode se movimentar melhor, girar a bacia, procurar posições que a façam sintir melhor, e o bebê dentro dela também fica mais leve… então por que não?

As vantagens do parto na água:
A água proporciona ao bebê uma reprodução muito parecida com o ambiente de sua gestação. Com o nascimento na água, o bebê viaja suavemente de um lugar quente, molhado e seguro, dentro do corpo de sua mãe, para outro lugar com as mesmas características.

Na água, a gestante sente menos dor e quase nunca há necessidade de intervenção médica. A água cria uma pressão igual em todas as partes do corpo, a mãe e o bebê sofrem menos ansiedade e a mãe pode encontrar uma posição cômoda e eficiente que facilita o nascimento do bebê.
A água proporciona uma maior flexibilidade em todo o processo de parto, a mãe sente menos pressão no abdômen e no útero durante as contrações e o bebê não recebe os estímulos que o induzem à respiração, presentes no nascimento seco. É possível que, na água, haja uma forma suave de se estimular a respiração do bebê, razão pela qual poucos deles gritam após o nascimento nesse ambiente.

O nascimento na água é extremamente seguro. Em mais de 45.000 nascimentos na água registrados no mundo, não houve complicações perigosas à vida da mãe ou do bebê.

As desvantagens do parto na água:
Há questionamentos sobre os partos considerados de risco: gemelares, pélvicos, prematuros, entre outros, embora alguns defendam que, mesmo nestes casos, a água pode trazer uma ajuda.
Contra indica-se o parto na água em casos de bebê com peso previsto para mais de 4500 gramas. Os casos entre 4000 e 4500 gramas devem ser avaliados, pela possibilidade de distócia de ombro. A episiotomia pode ser feita com dificuldade dentro da água. Em casos com antecedentes de hemorragia não deve ser feito o parto na água, embora se possa usar a água durante o período de dilatação.

Em suma, a água é um elemento terapêutico que pode trazer muitas vantagens no desenrolar do parto, favorecendo o processo de dilatação, o alívio das dores e o relaxamento muscular e emocional da mãe.
A meu ver, deveria se vencer o preconceito que existe em relação à instalação de banheiras em ambiente de parto, para que as parturientes pudessem dispor deste recurso para um parto mais humanizado.
Dr. Adailton Salvatore Meira

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